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O mundo depois da pandemia: quando vamos viajar de novo?

Se você é viajante, certamente já se perguntou quando iremos viajar de novo. De fato, são muitas incertezas no momento. Não dá pra saber muito ao certo quando as coisas no mundo das viagens irão voltar ao normal. Se é que as coisas vão voltar para a normalidade que a gente conhecia até então. Eu, sinceramente, acho que não.

Mas todos que habitam o mundo das viagens já estão tentando se reorganizar, se readequar e se preparar para o mundo depois da pandemia. E, mesmo que não dê pra previsões agora, uma coisa já é possível esperar: provavelmente a pandemia vá mudar muita coisa para o viajante.

Pandemia e quarentena

No dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde declarou o surto de covid-19 como uma pandemia. A organização reconheceu que a disseminação do vírus já tinha diversos focos espalhados por todo o globo.

Então, a medida adotada pela maioria dos países para conter a disseminação do vírus foi colocar a população em quarentena. Tecnicamente, uma quarentena é uma restrição rígida de movimentação, em que as pessoas de um determinado local são proibidas de circular nas ruas e todos o comércio e serviços não essenciais são fechados ou paralisados. No caso atual, a quarentena foi adotada em vários países do mundo em razão da pandemia da covid-19, doença causada por um novo tipo de coronavírus.

A quarentena é uma medida muito mais drástica que a adotada aqui no Brasil, que se limitou a um distanciamento social voluntário. Mas vários países pelo mundo, especialmente os mais afetados, adotaram um lockdown rigoroso. Isso tudo para retardar a disseminação do vírus e evitar um contágio em massa da população, o que faria com que muita gente precisasse de atendimento médico ao mesmo tempo, resultando no colapso do sistema de saúde.

Qual é a situação da pandemia no Brasil?

Segundo o site Worldometers, o Brasil, na data de publicação deste post, é um dos 10 países do mundo com maior número de casos, e, de longe, o que menos realiza testes entre eles (sem testagem em massa, fica mais difícil saber a dimensão real da pandemia). Além disso, em número de mortes, o país também está entre os 10 primeiros. E, segundo o Imperial College, de Londres, a taxa de contágio no Brasil é de 2,8, o que significa que cada 10 pessoas infectadas infectam outras 28. É a maior taxa entre 48 países.

A curva de crescimento dos casos aqui no Brasil, no momento, ainda é ascendente, com o agravante da pouca quantidade de testes realizados, o que pode indicar uma grande subnotificação dos casos aqui no país. Segundo uma análise mais recente da Fiocruz, o número de casos no país pode ser até dez vezes maior do que o divulgado. Isso porque, além da demora para obter os resultados dos testes, havia a preferência de aplicação dos testes aos casos já hospitalizados, deixando a grande maioria dos assintomáticos e dos doentes com sintomas leves sem testagem. Só agora no mês de abril é que começaram a ser aplicados testes rápidos na população em geral.

Além disso, segundo a Fiocruz, haveria uma tendência de aceleração da doença no país, em razão da diminuição da adesão ao distanciamento social no Brasil.

Últimas notícias

19/05: infelizmente, a situação no Brasil vem piorando. Segundo o Worldometers, o país já é, hoje, o quarto colocado no mundo em número de casos, e, nas últimas 24h horas, registrou 1.179 mortes pela covid-19, o maior número desde o início da pandemia. 😢

25/05: o Brasil já é o segundo país do mundo com mais casos da covid-19, ficando atrás apenas dos EUA. Segundo a OMS, a América do Sul já é considerada o novo epicentro da pandemia, principalmente pela situação que se verifica hoje no Brasil.

Como a pandemia afetou as viagens pelo mundo

Como muitos países pelo mundo decretaram o isolamento social obrigatório, suas respectivas fronteiras também foram fechadas. São bem poucos os lugares no mundo sem restrições para viagem, como é possível ver neste mapa elaborado pelo Kayak.

Na Europa, as fronteiras foram todas fechadas, inclusive as regionais. Além disso, eventos públicos de grande porte foram cancelados até agosto. Mesmo a Oktoberfest de Munique, que iniciaria em setembro, foi cancelada. Mas na França e na Espanha já há planos para desaceleração do confinamento a partir de maio. Ainda assim, as fronteiras continuarão fechadas para turistas de fora do país, e mesmo as viagens internas dos residentes permanecerão limitadas.

Aqui para os nossos lados a coisa também não melhora muito. A vizinha Argentina, por exemplo, suspendeu todos os voos, domésticos e internacionais, até setembro. Além disso, as companhias aéreas lá estão impedidas de venderem passagens com data anterior a 1º de setembro.

O turismo no Brasil

Já aqui no Brasil, as fronteiras aéreas do país estão fechadas desde o dia 30 de março e vão permanecer fechadas pelo menos até o dia 28 de maio, em razão de novo decreto do governo federal, de 28 de abril. As fronteiras terrestres também permanecem fechadas, pelo menos até 29 de maio. Esse fechamento de fronteiras no Brasil causou uma redução de mais de 90% dos voos no país.

Além disso, as atrações e estabelecimentos em cidades turísticas, na sua maioria, permanecem fechados. Mas a Serra Gaúcha, por exemplo, já tem alguns estabelecimentos de volta à atividade.

Podcast: “Os efeitos do coronavírus no turismo brasileiro”

No episódio do dia 06 de abril, o podcast Café da Manhã, da Folha de São Paulo analisou os efeitos da pandemia sobre o turismo brasileiro. O programa ouviu a Trícia Neves, sócia-diretora da Mapie Consultoria, e o Ricardo Freire, fundador do blog Viaje na Viagem.

Para Trícia Neves, “o turismo foi parado”: ela afirma que o setor não teve escolha senão parar, diante da falta de demanda. O faturamento das empresas caiu 60%, havendo perspectiva de recessão, desemprego e perda de confiança do consumidor. Ela acredita em aumento das tarifas aéreas, para cobrir os prejuízos, o que é possível diante das poucas companhias existentes, que podem se associar (o presidente da Latam fez uma previsão contrária, acreditando numa queda dos preços). Já para a hotelaria, ela acredita que, diante da pulverização do setor, no qual não há coesão, os estabelecimentos podem baixar as diárias.

Ouça o episódio completo:

Quando voltaremos a viajar de novo?

Essa é uma pergunta para a qual ainda não há resposta certa. Há mais suposições que certezas quanto à retomada do turismo, principalmente aqui no Brasil, tendo em vista todo o cenário da covid-19 que mencionei antes.

Eu acredito que, no mundo, a tendência seja mesmo uma reabertura gradual e uma volta bem lenta do turismo a partir do segundo semestre. Como eu disse antes, França e Espanha, por exemplo, já estão planejando a desaceleração do isolamento social. Para o Brasil, me parece que fazer qualquer previsão é ainda mais delicado, pois os números da covid-19 ainda estão subindo.

Nesse cenário, o mais provável é que a volta do turismo em geral vai se dar em momentos bem distintos para cada parte do globo. Porque esse retorno vai depender do avanço, ou não da doença em cada país. Por todos os exemplos que temos no mundo sobre os efeitos das medidas adotadas para lidar com o vírus, me parece que quanto mais um país demora a fazer o isolamento e frear a disseminação do vírus, mais demorada é a recuperação, a qual vai depender também da capacidade do sistema de saúde de cada país. Por isso, acredito que a volta do turismo no mundo vai depender muito das políticas de contenção do vírus adotadas por cada governo.

Como o turismo vem se preparando para a reabertura

O fato de não sabermos quando vamos poder viajar de novo não quer dizer que quem atua no mundo do turismo não esteja já se preparando para a volta às atividades, seja ela quando for.

Várias pesquisas e análises estão sendo feitas pra tentar prever como vai ser esse retorno do turismo. Por exemplo, segundo uma pesquisa do metabuscador Skyscanner, 53% dos viajantes acreditam que vamos viajar de novo a partir de setembro. Já em outra pesquisa, feita pelo Panrotas, 80% dos profissionais de turismo acha que a retomada do turismo já ocorrerá a partir de maio ou junho.

Mas, independente de quando o turismo voltará a alguma normalidade, já estão rolando inúmeros incentivos para viajar de novo. Porque quem gosta de estar sempre com o pé na estrada certamente vai sair correndo pra algum lugar assim que der. Filmes e livros são ótimos, mas garanto que ninguém mais aguenta essa de viajar sem sair de casa (eu inclusive já estou na fase de não pensar em viagem).

Por isso, as companhias aéreas continuam oferencendo promoções, principalmente de compra de milhas, com um prazo maior de validade. As medidas servem principalmente para manter o capital das empresas durante a quarentena, já que os voos sofreram drástica redução.

Além disso, agências de viagens estão oferecendo pacotes promocionais super baratos com datas para 2021, e algumas hospedagens estão oferecendo vouchers com preços de diárias diferenciados e prazo estendido para a utilização. Se você quiser aproveitar alguma pechincha, os preços realmente estão valendo a pena. Mas, com pandemia ou sem pandemia, lembre-se sempre de ler todas as condições e regras do que você for comprar.

Como vai ser viajar de novo?

Preferência por viagens nacionais

Segundo pesquisa feita pelo Travel Lab, laboratório de análise do mercado em viagens, mais de 60% das pessoas entrevistadas não pretende fazer viagens internacionais enquanto não se sentirem seguras quanto ao controle da pandemia. Ao mesmo tempo, cerca de 45% dos entrevistados tem a mesma percepção para viagens nacionais (veja o estudo completo).

Pela pesquisa, dá pra ver que, quando voltarmos a viajar de novo, os brasileiros vão preferir viagens nacionais, tanto por vias aéreas quanto terrestres. Eu vejo alguns motivos pra isso.

Primeiro, porque as viagens domésticas geralmente são mais baratas que as internacionais e possíveis de serem programadas com menor antecedência. No caso das viagens terrestres, ainda há a vantagem de viajar somente com poucas pessoas e não aglomerados na classe econômica de um avião. E, segundo, porque as pessoas certamente se sentem mais seguras estando em seu país quando o assunto é o atendimento de saúde.

Orçamentos mais restritos

Outro fator a ser considerado é a situação financeira das pessoas, que poderá estar muito indefinida após a pandemia. Isso porque muita gente perdeu renda e até mesmo o emprego. Assim, vai ter muita gente que não vai poder gastar com viagens ou que vai querer mais garantias para comprar passagens ou reservar hospedagens.

Por isso, as campanhas para que as pessoas não cancelem as viagens, apenas as remarquem, são válidas, mas mais do ponto de vista do setor do turismo do que do viajante. Porque, pra manterem as viagens, as pessoas precisariam de uma flexibilidade maior nas remarcações. Logo que as quarentenas foram impostas mundo afora, não foram poucos os casos de pessoas que não tinham como remarcar suas viagens dentro dos prazos estabelecidos pelas companhias aéreas ou hospedagens ou que não queriam remarcá-las, simplesmente pela incerteza da sua situação futura, e que tiveram inúmeras dificuldades para fazer o cancelamento.

Por isso, acredito que, ainda que as empresas não se disponham em um primeiro momento a oferecer mais flexibilidade nas condições de compra, poderá haver uma exigência maior de regras mais flexíveis por parte dos viajantes.

Novos procedimentos de higiene e segurança

Além disso, me parece óbvio que esses novos procedimentos de higiene e segurança, decorrentes do surto do novo coronavírus, vão se tornar um padrão no mundo. Nesse ponto, o Melhores Destinos publicou há pouco um post super completo com todas as medidas que já estão sendo tomadas por aeroportos, companhias aéreas, hospedagens, restaurantes e atrações turísticas, aqui no Brasil e no mundo. Como era de se esperar, a principal preocupação é com a aglomeração de pessoas e os procedimentos de higiene em aeronaves e estabelecimentos.

Um exemplo de responsabilidade quanto às medidas de prevenção à covid-19 veio do Hotel Casacurta, em Garibaldi, o nosso preferido na Serra Gaúcha. Enquanto alguns estabelecimentos na cidade já estão abrindo as portas, o hotel optou por permanecer fechado, para fazer as melhorias necessárias para atender aos hóspedes com segurança.

Atualização em 22/05: a previsão do Hotel Casacurta é reabrir no mês de junho. As cidades da Serra Gaúcha já estão com a maioria dos estabelecimentos abertos.

Fronteiras podem se tornar o maior problema

Apesar de algumas boas perspectivas, acho que nem tudo vão ser flores na hora de viajar de novo. E o principal motivo serão as fronteiras. Isso porque, tendo em vista a rápida disseminação do vírus, alguns países, principalmente os mais afetados, podem manter suas fronteiras fechadas, ou impor medidas mais rigorosas para a entrada de estrangeiros em seus territórios, inclusive aplicando medidas diversas de acordo com a origem do turista.

Outra possibilidade, enquanto não houver vacina ou tratamento para a covid-19, é que os países que já tenham controlado a epidemia em seu território, pelo menos em um primeiro momento, imponham isolamento obrigatório para turistas que chegam de determinados países, que ainda sejam epicentros da pandemia. Como o isolamento é, geralmente, de 14 dias, boa parte das viagens para o exterior se tornariam inviáveis. Medidas dessa natureza estão sendo estudadas pelo Reino Unido, por exemplo.

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12/05: a Espanha, dentro do seu plano de desaceleração do confinamento, puxou a frente e determinou que os estrangeiros que chegarem no país fiquem em isolamento por 14 dias, somente podendo sair para comprar mantimentos ou remédios, ou por motivo de força maior, sendo obrigatório o uso de máscara. A medida vale, em princípio, até o dia 24/05, que é o prazo final do estado de emergência, podendo ser prorrogada.

25/05: alguns países estão começando a flexibilizar as regras para as fronteiras. A Itália vai permitir a entrada de turistas da União Europeia a partir de 03/06, sem a necessidade de quarentena obrigatória. O Reino Unido, de outro lado, impôs quarentena obrigatória para os estrangeiros que cheguem no país, determinando ainda a aplicação de multa de até mil libras. A medida vale a partir de 08/06. A Espanha, por sua vez, somente pretende reabrir suas fronteiras a turistas estrangeiros a partir de julho e, mesmo assim, somente para países em que a epidemia estiver controlada, como informa o portal Espanha Total:

Podcast: “Fronteiras fechadas podem virar o novo normal?”

No episódio do dia 29 de abril do podcast Café da Manhã, da Folha de São Paulo, a repórter Flávia Mantovani fala sobre os impactos do fechamento das fronteiras e sobre o risco dessas medidas temporárias se tornarem permanentes. Ela menciona que a atuação do Brasil frente ao surto de covid-19 no país pode trazer algum estigma para o viajante brasileiro.

Segundo ela, há uma avaliação de que os brasileiros não sejam mais tão bem vistos no exterior. Muito embora o passaporte brasileiro seja atualmente é um passaporte forte (muitos países dispensam a exigência de visto para brasileiros), a adoção de políticas negacionistas da pandemia pode ter efeitos sobre a nossa aceitação no exterior. Há uma possibilidade de que a forma como o governo federal vem atuando frente à doença gere dificuldade tanto para imigração, quanto para viagens de negócios ou turismo.

Ouça o episódio completo:

Um exemplo das questões levantadas no podcast foi uma das últimas manifestações do presidente Donald Trump, dos EUA, em conversa com o governador do estado da Flórida. Diante da situação do novo coronavírus no Brasil, Trump falou em banir os voos daqui para lá, o que foi descartado, por ora, pelo governador. Mas este disse que cogita tornar obrigatória a testagem de passageiros brasileiros antes do embarque para os EUA.

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22/05: o assunto sobre a proibição de voos entre EUA e Brasil tem rendido. Além de Trump mais uma vez mencionar que os EUA podem proibir esse tráfego, considerando a situação da pandemia no Brasil, o vice-presidente, Mike Pence, reforçou a ideia. Os EUA também consideram restrições a outros países.

25/05: como já vinha sendo cogitado, o presidente dos EUA determinou a proibição da entrada no país das pessoas que estiveram no Brasil nos 14 dias anteriores à chegada em solo americano. A medida começa a valer a partir do dia 29/05 e excepciona os nacionais e pessoas com visto de residência permanente que esteja retornando aos EUA. Vale lembrar que as fronteiras no Brasil, tanto as aéreas, quanto as terrestres e marítimas, estão fechadas para estrangeiros. Além disso, os países aqui na América do Sul também demonstram preocupação com a situação brasileira. O Paraguai, por exemplo, mantém as fronteiras com o Brasil fechadas.

O “passaporte de imunidade”

Uma das medidas que vem sendo discutida para possibilitar a reabertura de fronteiras e economias é a adoção de um “passaporte de imunidade”. Conforme esta medida, precisaríamos apresentar um atestado de que estamos imunes à covid-19 para poder viajar de novo (e não só para isso: o passaporte valeria para as mais diversas atividades sociais, inclusive trabalho). É, de certa forma, parecido com o que já ocorre com a febre amarela, por exemplo: você precisa de um certificado de vacinação internacional pra entrar em determinados países.

Mas a semelhança para por aí. Isso porque, no caso da febre amarela, que eu citei como exemplo, a dose única da vacina dá imunização vitalícia. Já no caso da covid-19, ainda não há qualquer certeza quanto à imunização ao vírus. E o passaporte de imunidade se basearia no atestado positivo para anticorpos e negativo para o vírus. Ou seja, você precisaria ter contraído o vírus e sobrevivido – dessa forma, o tal passaporte de imunidade seria quase um incentivo à infecção, já que só assim as viagens estariam garantidas. Não me parece uma medida muito segura, tampouco inteligente.

Por isso, a Organização Mundial da Saúde e publicações científicas como a Nature já se posicionaram contra a adoção do passaporte de imunidade, apontando não só a incerteza quanto à imunização ao vírus, como também a fragilidade da eficácia dos testes sorológicos (que detectam anticorpos) e a ausência de testes suficientes para testagem em escala global.

Haverá um turismo “pós-pandemia”?

Quanto às maiores restrições às viagens e ao incremento de procedimentos de higiene e segurança, eu tenho certeza que teremos um turismo “pós-pandemia”. Mesmo porque vai ser impossível viajar de novo da mesma forma que viajávamos antes, tendo um vírus de alta disseminação e sem vacina circulando invisivelmente por aí. Nesse aspecto, o mundo das viagens como a gente conhecia até agora acabou. As coisas vão (ou pelo menos vão ter que) ser diferentes.

Mas, eu, sinceramente, ainda espero que o “pós-pandemia” traga efeitos que eu considero positivos para o mundo das viagens. Espero que a experiência trazida pelo espalhamento do novo coronavírus mude a forma com que fazemos turismo. Parece contraditório, absurdo até, falar em consequências positivas de uma pandemia como essa do novo coronavírus. Mas, em se tratando de turismo, acho que a gente pode ver o copo meio cheio em alguns pontos.

Um turismo mais sustentável para o meio ambiente

Uma das principais consequências positivas que eu vejo que pode decorrer da pandemia é a diminuição do turismo de massa, o overtourism, que já é um problema no mundo. Ele causa um incômodo tremendo a moradores de cidades famosas, como Veneza, por exemplo. A cidade sofre muito com o impacto dos milhares de turistas que transitam na ilha todos os dias.

Em Veneza, há inclusive um empenho da população contra o turismo de massa. Em vários pontos da cidade, é possível ver manifestações a favor de que grandes navios de cruzeiros sejam proibidos de atracar na ilha. Os cruzeiros em geral são um dos principais alvos de quem defende um turismo mais sustentável, com menos impacto ao meio ambiente natural e artificial (cidades e monumentos, por exemplo).

viajar de novo Foto de janelas em Veneza, na Itália, com protesto contra grandes navios
“No grandi navi”: protesto contra os grandes navios de cruzeiros, em uma sacada de Veneza, em outubro de 2019.

Uma melhor experiência para os visitantes

Além disso, como a covid-19 exige, para evitar sua disseminação rápida, que as pessoas não se aglomerem e mantenham uma certa distância umas das outras, é provável também que haja muito mais limitação de visitas em grandes atrações fechadas, como o Louvre e os Museus Vaticanos, por exemplo. Falando pela minha última experiência nos Museus Vaticanos, em novembro de 2019, limitar significativamente o número de visitantes ao mesmo tempo lá dentro vai melhorar e muito a visitação nesses lugares.

Últimas notícias:

12/05: os Museus Vaticanos vão reabrir no dia 18 de maio, com visitas previamente agendadas, sendo obrigatório o uso de máscaras pelos visitantes. Além disso, vão ser instalados termoscanners para medição de temperatura do público. Nesse primeiro momento, grandes grupos não serão permitidos.

19/05: a Basílica de São Pedro, no Vaticano, reabriu no dia 18/05, tendo sido celebrada missa em homenagem ao 100º aniversário do Papa João Paulo II. Além disso, na Grécia, a Acrópole e outros sítios históricos foram reabertos. E a Europa já planeja a reabertura das fronteiras entre os países da União Europeia e Espaço de Schengen.

E você, como vai viajar de novo após a pandemia?

Bom, eu não sei você, mas não tenho uma resposta muito certa pra essa pergunta. Não sei quando nem como nós aqui em casa vamos viajar de novo. Talvez alguma viagem curta, para um lugar próximo, depois de setembro. Viagens internacionais ainda este ano estão, em princípio, fora de cogitação pra nós. A segurança para encarar um voo de horas, atravessando oceanos, ainda vai demorar um pouco pra voltar.

E você, já está pensando em como vai viajar de novo após a pandemia? Ou não vai pensar em viajar por um bom tempo? Conta pra gente!

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2 comentários em “O mundo depois da pandemia: quando vamos viajar de novo?”

  1. Viajar ainda vai depender de muitos fatores, de aceitação de risco pessoal, fronteiras abertas, novas ondas (tomara que não), vacina…Tomara que essa situação se dissipe logo

    1. Verdade, Michelle! Eu ainda não me animei a pegar avião, nem para destinos nacionais. Acho que ainda vou ficar um bom tempo só nas viagens de carro e olhe lá. Mas também estou torcendo pra que essa vacina venha logo e a gente possa ter um pouco mais de tranquilidade, não só para viajar, mas pra retomar de vez a vida… 🙏🏼

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