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foto da Champs Élysées em Paris mochilão pela Europa

Recordar também é viajar: memórias de um mochilão pela Europa

Não, este post não é pra dar dicas de como fazer um mochilão pela Europa. Até porque esse mochilão foi o único que fiz na vida. E, num momento em que as viagens estão no mínimo suspensas no mundo todo, nem faria sentido falar de dicas para uma viagem dessas. Mas esse mochilão é uma das partes mais importantes da minha vida. Então, este post, além de servir para recordar uma viagem fantástica, serve também para contar uma história: a de como uma viagem pode ser bem mais do que simplesmente cumprir um checklist de lugares famosos. A história de como uma viagem pode ser uma experiência pra vida inteira.

Além disso, este post não é um relato detalhado sobre o meu mochilão pela Europa, com dicas do que fazer e onde comer, mas sim um relato de algumas das minhas melhores lembranças da viagem. Seja por serem divertidas, seja por se tratarem de perrengues, seja por terem me trazido algum ensinamento ou conhecimento.

No mais, ao longo do texto, há várias pessoas citadas, mas elas terão as identidades e imagens preservadas. E relevem a qualidade das fotos, por favor. Elas não são pré-históricas, somente pré-smartphones mesmo.

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Organizando um mochilão pela Europa sem internet

Esse mochilão pela Europa fazia parte do meu planejamento quando saí do Brasil oito meses antes. Eu iria morar em Londres, fazer curso de inglês e trabalhar, para me sustentar e juntar dinheiro para viajar. E foi exatamente assim que aconteceu. Depois de oito meses morando em Londres, trabalhando com garçonete, juntando praticamente todos os centavos de libra que sobravam no mês, estava na hora de colocar a última parte do meu planejamento em prática.

Mas como organizar um mochilão pela Europa sem nenhuma experiência e praticamente sem disponibilidade de internet? Lembrem vocês que essa viagem foi feita em 2006, em uma época, portanto, em que não havia essa profusão de smartphones, e internet móvel era coisa rara. Além disso, nem sempre as casas onde a gente morava tinham internet disponível. Na maioria das vezes, pra acessar a internet, só nas lan houses. Sim, eu sou desse tempo, gente.

O guia de viagem salvador

Então, #comofaz pra organizar o mochilão? Vai lá e compra um guia de viagem da Lonely Planet, desde 1900-e-guaraná-de-rolha salvando viajantes inexperientes. Comprei o guia “Europe on a Shoestring”, um pequeno tijolinho sobre todos os países da Europa, que eu carreguei como se fossa minha bíblia durante a viagem inteira. E o tenho na minha estante até hoje – inclusive, o Cadu conseguiu usá-lo em uma viagem que ele fez ao velho continente em 2014.

Esse guia já está 10ª edição, e pode ser adquirido na Amazon, tanto na versão física quanto na versão digital (aí você não vai precisar carregar o tijolinho como eu fiz). E, se adquiri-lo por meio desses links, eu posso receber uma pequena comissão, sem qualquer custo extra na sua compra.

Mas, apesar de conseguir organizar todo o roteiro do mochilão pela Europa por meio do guia, ainda assim precisava da internet para reservar as hospedagens. Por isso, antes de sair de Londres, deixei as primeiras hospedagens reservadas e, depois, fui reservando as demais no decorrer da viagem, conforme encontrava internet pelo caminho.

Viajar sozinha ou não viajar

Enquanto organizava a viagem, algumas pessoas me perguntaram: “mas tu vais sozinha?”. E a resposta era sim, eu iria sozinha.

Não que eu tivesse pensado em como seria viajar sozinha durante 40 dias. Pra dizer a verdade, até a ida para Londres, eu nunca havia viajado sozinha na vida. E, antes do mochilão pela Europa, eu só tinha passado uns quatro dias na Escócia, para conhecer Edimburgo e Inverness, além de fazer alguns bate-volta desde Londres. Então, quando decidi fazer o mochilão sozinha, eu não tinha lá muita noção do que estava fazendo.

Mas eu não tinha outra opção. Todas as pessoas que eu conhecia em Londres, na época, trabalhavam, e não poderiam passar todo aquele tempo zanzando pela Europa. Até porque, morando em Londres, juntar grana pra ficar tanto tempo viajando não é lá muito fácil.

Então, ou eu viajava sozinha, ou não viajava. E sozinha me fui.

Embasbacada com Paris

Paris foi a primeira cidade do roteiro do meu mochilão pela Europa. Podem achar que é bobagem, dizer que é piegas e tal. Mas eu chorei ao dar de cara com a Torre Eiffel pela primeira vez.

Cheguei em Paris, fiz o check-in no hotel e imediatamente fui pegar o metrô para começar a conhecer a cidade. Desci, se não me engano, na Place de la Concorde, e, quando subi à superfície… pah! Lá estava ela, linda imponente, mesmo de longe. E foi aí que rolou aquela lagriminha de felicidade por finalmente estar conhecendo aquilo que eu até então só tinha visto em livros ou na TV.

Acho que a felicidade foi tanta que eu até esqueci que o fuso horário de Paris era de uma hora a mais do que Londres (que era de onde eu vinha). E por pouco não fiquei sem metrô pra voltar para o hotel. Cheguei a tempo de pegar o que eu presumo que fosse o último trem do dia.

Mas, depois do “quase-perrengue”, consegui chegar no meu hotel, sentar na sacadinha do meu quarto e apreciar essa vista.

Foto da Sacre Coeur à noite em Paris, na França no mochilão pela Europa
Mochilão pela Europa: Basílica de Sacré Coeur, vista do meu quarto.

Sem ônibus em Bruges

Quando coloquei a Bélgica no roteiro do mochilão pela Europa, eu só teria tempo pra visitar uma cidade. Então, eu havia escolhido Bruxelas, já que era a capital do país. Foi aí que uma amiga sabiamente meteu o bedelho e me disse: “Não, vai pra Bruges”. Uns anos antes, em 2002, a cidade havia recebido o título de Capital Europeia da Cultura, juntamente com a cidade de Salamanca, na Espanha.

Então, segui o conselho da minha amiga e troquei Bruxelas por Bruges. E a cidade acabou sendo uma das partes mais legais da viagem. Bruges é uma dos lugares mais fofos que eu já vi na vida: a cidade parece toda feita daqueles bloquinhos de madeira que a gente brincava quando criança. Tijolinhos à vista, telhadinhos pontudos. Nem parece uma cidade de verdade. Parece mais um desses lugares de histórias da Idade Média. Mas com internet e saneamento básico.

Foto dos canais de Bruges na Bélgica mochilão pela Europa

Foto de Bruges vista do alto mochilão pela Europa

Cadê ônibus?

Mas óbvio que teve um perrenguezinho, né. Como ir da estação de trem até o hostel quando você chega na cidade depois do horário do último ônibus? Pegar um táxi sozinha não estava nos meus planos, tampouco no meu orçamento. Mochileiro que é mochileiro viaja com o dinheiro contado. E, morando há oito meses em Londres (uma das cidades mais caras que eu conheço), eu já estava experiente nisso.

Só que uma das primeiras coisas que eu aprendi com esse mochilão é que, nessas viagens, sempre vai haver um viajante solidário e passando pelo mesmo perrengue que você. Então, lá estava eu pensando no que fazer e contando os meus trocados pra ver se dava pra pegar um táxi sozinha, quando aparece um casal de canadenses que também estava chegando na cidade naquela hora e também precisava chegar à zona central. E eles ainda não tinham hospedagem reservada. Então, como uma mão lava a outra, dividimos o táxi até o meu hostel e o casal acabou se hospedando lá mesmo.

Experiência impactante em Amsterdam

O primeiro impacto que se sofre em Amsterdam vem da beleza da cidade. Casinhas geminadas, casas-barcos, árvores, flores, canais. Sim, os canais são mesmo lindos. Mas, a não ser pelas águas que cortam a cidade, ela não se parece em mais nada com Veneza. Aliás, em que momento se convencionou que toda cidade cortada por canais é uma “Veneza não sei de onde”? Basta ter dois ou três cursos d’água pela cidade que lá vem alguém pra estabelecer a comparação. Até o Brasil tem a sua: Recife.

Primeiro: Veneza não tem comparação possível. E segundo: deixem as cidades serem lindas por si mesmas, for God’s sake! Amsterdam é Amsterdam, Recife é Recife. Ambas lindas, independente de se parecerem com Veneza ou não. #prontofalei

O segundo impacto em Amsterdam foi físico mesmo. Quase fui atropelada por um grupo de ciclistas enquanto passeava no Vondel Park. Hoje eu entendo quando alguém fala da insanidade dos ciclistas por lá. Entendo mesmo.

foto dos canais de Amsterdam

A Casa de Anne Frank

O terceiro e último impacto foi com uma história que eu já conhecia mesmo antes de estar em Amsterdam, mas que, somente quando a ouvi no exato local onde tudo aconteceu, é que pude realmente perceber todo o horror e a tristeza que ela possui.

A Casa de Anne Frank é um dos lugares mais visitados de Amsterdam. Lá dentro, é possível conhecer os cômodos da casa onde a família de Otto Frank ficou escondida por dois anos, até ser descoberta pelos nazistas e levada para campos de concentração. É possível, inclusive, conhecer a estante que escondia a passagem para o sótão, onde a família ficou escondida. Mais do que isso, é possível subir até o sótão onde Anne passou os últimos anos de sua vida. Ela morreu em um campo de concentração nazista em 1945, poucos dias antes de o campo ser libertado por tropas inglesas.

É como se o medo, a tristeza e o horror daquela época ainda estivessem muito presentes naquela casa. É uma visita pesada, mas muito necessária. Lá no século XVIII, o filósofo irlandês Edmund Burke já dizia: Those who don’t know history are doomed to repeat it. Ou, em português, “aqueles que não conhecem a história estão fadados a repeti-la”. E a história da Anne – assim como a dos outros milhões de pessoas que morreram por simplesmente serem quem eram – tem que ser conhecida, entendida, e nunca mais esquecida. Pra que todo aquele horror nunca mais se repita.

Perdida em Berlim

Foto na East Side Gallery em Berlim mochilão pela Europa

Nesse mochilão pela Europa, pude perceber que europeu geralmente é bem educado, e a maioria é bem solícita com os viajantes. Mas sempre há exceções. E uma delas eu encontrei em Berlim, na Alemanha.

Pensem na situação: vocês chegam em uma cidade estranha, meio tarde da noite e precisam descobrir como chegar na sua hospedagem. Eu cheguei em Berlim uma noite antes da reserva de hostel que eu tinha e tive que passar a primeira noite em outro hostel, que não tinha uma estação de metrô muito próxima. Então, eu precisava pegar um ônibus pra chegar até lá. 

Bom, descobrir qual ônibus eu precisava pegar foi fácil. Onde pegá-lo também foi barbada. O problema maior era saber exatamente como chegar até o ponto do ônibus. Como eu contei antes, naquela época, o único mapa que eu tinha comigo era o do guia de viagem e ele não abarcava toda a cidade de Berlim. E, nessas horas, é óbvio que a parte da cidade para onde eu precisava ir não estava no meu mapa.

Então, a solução era encontrar uma daquelas placas de rua com o mapa da região. O bom é que, em todas as cidades por onde passei no meu mochilão pela Europa, esses mapas eram bem comuns. Assim não precisei andar muito pela rua pra achar um. Parei na frente do mapa e comecei a procurar aquele pontinho que diz “Você está aqui”. Procurei, procurei, mas acho que, em função do cansaço, eu não conseguia me localizar.

Então, eis que…

… parou do meu lado uma ciclista e me perguntou, em inglês, se eu havia encontrado o pontinho indicando a nossa localização. Pensei “ainda bem, alguém que fala inglês” e respondi que não. Aí a moça ficou mais uns minutos do meu lado, olhando o mapa, disse “ah, ok”, pegou a bike e foi embora. Ou seja, a criatura se localizou e, ao invés de me ajudar, já que eu continuava ali perdida (cansaço “cega” a gente, é impressionante), me deixou ali, plantada na frente do mapa.

Olha, eu não sou uma pessoa que deseja mal para os outros. Mas, nesse momento, eu confesso que desejei um pneu furado naquela bicicleta.

O lado bom é que a raiva deve ter clareado a minha visão, pois, logo em seguida, consegui me localizar no mapa. Consegui encontrar o ponto de ônibus e não muito depois a condução que supostamente passaria pelo meu hostel chegou. Mas antes de me jogar no busão, resolvi confirmar com o motorista se aquele ônibus iria mesmo para onde eu precisava ir. Só que o meu alemão se resumia (e se resume, até hoje) ao “alles gut”, e o nada simpático motorista entendia inglês tanto quanto eu entendo alemão. Mas nada que mostrar o endereço do hostel na página do meu guia de viagem, junto com um pouco de mímica, não resolvesse.

Quase pude ouvir um “Aaaa-le-lu-ia! Aleluia! Aleluia! Aleeeluuuiaaa!” quando consegui chegar ao hostel…

Mas dias (bem) melhores vieram

Corpo limpo, descansado e alimentado, no dia seguinte, saí do meu hostel salvador e fui para aquele onde eu tinha reserva inicialmente. Deixei a mochila no depósito da hospedagem e fui procurar uma lan house pra dar notícias pra casa.

Estou lá, conferindo o Orkut (saudoso Orkut…), checando os emails, e falando com a família e os amigos pelo Messenger (percebi minha velhice agora…), quando ouço uma conversa em português. E não é que no meio desse grupo de brasileiros tinha um rosto conhecido? Um portoalegrense que também morava em Londres na época, e que eu havia conhecido lá, pouco tempo antes, por intermédio de um amigo de uma amiga (o amigo também era portoalegrense). Pra ver como o mundo é uma ervilha, minha gente.

E, pra completar a coincidência, o grupo estava hospedado no mesmo hostel que eu. Então, de mochileira solitária perdida em Berlim, passei a ter um grupo de mochileiros pra chamar de meu. De dia era passeio pela cidade; de noite, era festa na Fan Fest da Copa do Mundo. Teve até show da Ivete Sangalo antes o jogo de abertura da Copa, entre Brasil e Croácia. Após o show, todo o bloco dos “sem-ingresso” de olho no telão pra ver o jogo. Vitória do Brasil, festa na cidade, samba na estação do metrô. Tudo em casa.

Foto da Fan Fest da Copa do Mundo 2006 em Berlim, na Alemanha

O fracasso da ida a Praga

Primeiro, deixa eu contextualizar: o dia daquele jogo do Brasil em Berlim era o meu último dia na cidade. Então, fiz o check-out no hostel pela manhã, deixei a mochila no depósito e fui com o meu grupo para o Estádio Olímpico de Berlim, pois assistiríamos o jogo ali por perto.

Depois do jogo, eu e quase todo o meu grupo não tínhamos mais quarto para dormir (o pessoal também estaria indo embora no dia seguinte e também já tinha feito o check-out). Então, a nossa ideia era esperar amanhecer na recepção do hostel mesmo. Rolou até banho clandestino no quarto da única pessoa do grupo que ainda tinha reserva para aquele dia.

Expectativa X Realidade

De manhãzinha, peguei o trem para Praga, super-hiper-ultra-mega empolgada para conhecer a cidade. Afinal, além da fama de a cidade ser fantástica, foi a única do leste europeu que eu consegui encaixar no roteiro. Então, depois de umas quatro horas e meia de viagem, cheguei à tão esperada Praga. Troquei alguns euros por coroas tchecas, deixei minha mochila no guarda-volumes da estação de trem e saí andando, a caminho do Castelo de Praga, que ficava a uns 3km.

Se vocês prestaram a atenção na cronologia, eu saí de Berlim de manhã cedinho, sem ter dormido, e cheguei em Praga umas quatro horas e meia depois. Ou seja, cheguei em Praga já naquele sol do meio-dia do verão europeu.

Sol, calor, longa caminhada, cansaço acumulado. Péssima combinação, gente.

Cheguei no Castelo e sucumbi no primeiro banquinho que vi pela frente. Não conseguia mais nem pensar em continuar caminhando naquele sol. Nem forças para visitar o Castelo eu tive. E não havia água que desse jeito. Fiquei ali, no banquinho mesmo. Aquela sombra, naquele momento, era a oitava maravilha do mundo.

E, assim, eu saí de Praga do mesmo jeito que cheguei: sem conhecer a cidade.

Sem hospedagem em Viena

Foto do Volksgarten em Viena, na Áustria mochilão pela Europa
Mochilão pela Europa: Volksgarten, o “Jardim do Povo”, em Viena

No roteiro inicial do meu mochilão pela Europa, eu tinha programado passar o dia em Praga e pegar o último trem para Viena, viajando de madrugada e economizando uma diária de hotel. Mas, diante do fracasso da minha visita a Praga, acabei pegando o trem para Viena mais cedo. E o resultado é que cheguei na capital austríaca um dia antes do planejado.

Fui até o hostel onde eu tinha reserva para o dia seguinte, esperando que eles tivessem alguma cama sobrando para aquela noite. Que nada. Viajar pela Europa no verão não é fácil.

Mas, apesar do hostel não ter uma cama para mim, o pessoal da recepção me indicou outro, bem perto dali. Disseram que dava pra ir andando. “Como assim ir andando? Já era perto da meia-noite!”, pensei eu automaticamente, acostumada com a vida no Brasil.

Eu sabia que Viena era uma cidade segura. Só eu não imaginava o quanto. Já pensaram em gente, à meia-noite, tirando dinheiro em caixa eletrônico que fica na rua? E, quando eu digo na rua, é, literalmente, NA RUA: o caixa eletrônico fica encaixado nas paredes dos prédios, sem qualquer proteção. Eu devia era ter tirado uma foto, pois contando aqui ninguém acreditava.

Hospedagens salvadoras

O hostel que me foi indicado era da Hostelling International, uma rede de pousadas e albergues sem fins lucrativos, que inclui os Albergues da Juventude, e que tem hospedagens em mais de 80 países. São hospedagens bem simples e baratas, mas muito organizadas e limpas, geralmente com tudo que se precisa incluído no preço: roupas de cama, toalhas e café da manhã. Muitos hostels mais descoladinhos – e mais caros – cobram essas coisas à parte.

E, nas hospedagens da HI, é difícil não ter uma cama sobrando. Todas as vezes nesse mochilão pela Europa em que eu precisei de uma hospedagem de última hora, os albergues da Hosteling International foram a salvação (aquele de Berlim era dessa rede também). Em Viena, não foi diferente.

Ótimo tour clichê em Salzburgo

foto do Palácio Mirabell em Salzburgo mochilão pela Europa

Acho que todo mundo, ainda que não tenha assistido, já ouviu falar do filme “A noviça rebelde” pelo menos uma vez na vida. Protagonizado pela atriz Julie Andrews, ganhou 5 Oscars em 1966, inclusive os de Melhor Filme e Melhor Trilha Sonora.

Mas o que talvez muitos não saibam é que o filme se passa na fofa cidade de Salzburgo, na Áustria. E claro que a cidade tem um tour pelas locações dele. Pra quem assistiu e gosta do filme, o tour certamente vale a pena. Mas, mesmo quem não curte muito ou não assistiu o filme, consegue aproveitar o passeio, já que ele te leva pra conhecer paisagens lindas nos arredores da cidade. Se quiser, você pode reservar o tour por este link.

foto do Schloss Leopoldskron em Salzburgo na Áustra

Parece “pega-turista”, eu sei. Só não é mais clichê porque a gente não para pra tirar a famosa foto nas escadarias do jardim do Palácio Mirabell, ao som de “Do-Re-Me”. E eu também não sou lá muito fã de passeios coletivos. Grandes grupos de turistas geralmente me irritam. Mas, apesar disso, curti muito o tour, que tem a trilha sonora do filme (“So long, farewell, auf Wiedersehen, goodbyyyyye…” – quem assistiu, tenho certeza que cantarolou essa mentalmente agora).

Além disso, depois de vários dias passando perrengue com o calor, caminhando quilômetros em cada cidade e dormindo pouco, foi a glória poder conhecer muita coisa sem precisar caminhar. Isso porque todo o deslocamento é feito de ônibus com ar condicionado. Acho que até tirei uma soneca na volta. Aliás, nesse mochilão pela Europa, descobri que esses passeios podem ser uma boa forma de conhecer um pouco da cidade e ainda dar uma descansadinha.

Parada em Munique por motivos de: “Copa do Mundo”

Como eu já contei quando falei de Berlim, na época do meu mochilão pela Europa, estava rolando a Copa do Mundo de 2006. E eu, fanática por futebol que sou, não podia deixar o maior evento de futebol do planeta de fora do roteiro.

Berlim já estaria incluída na viagem mesmo sem a Copa do Mundo. Ainda assim, organizei os dias na cidade para que pudesse estar lá no dia do jogo do Brasil. Munique, de outro lado, não estava nos planos. Mas, enquanto organizava o roteiro do mochilão, vi que sairia de Salzburgo no dia do segundo jogo do Brasil na Copa, contra a Austrália, que aconteceria em Munique. E assim lá fui eu de volta para a Alemanha.

foto na fan fest da copa do mundo 2006 em Munique na Alemanha

Viajando e aprendendo

Uma das coisas mais fantásticas de se viajar sozinha é como a gente aprende a socializar, a se relacionar com pessoas que nunca vimos na vida, e, provavelmente, nunca mais vamos ver. Em cinco minutos, você conhece vários novos melhores amigos.

Já na parada do ônibus em frente ao hostel, em Salzburgo, dois australianos puxaram papo, perguntando se eu estava indo para Munique. Imagino que a camisa do Brasil que eu vestia tenha me entregado. Horas depois, estávamos os três tomando canecões de chope na Fan Fest, enquanto aguardávamos o início do jogo no telão.

E quando cheguei na estação de trem em Munique, junto com boa parte das populações inteiras do Brasil e da Austrália, encontrei uma paulista e dois capixabas, que haviam se conhecido ali na estação também. Pronto, já tínhamos um grupo. Mais uma vitória do Brasil e vários canecões de chope depois, pegamos um táxi dirigido pela versão feminina do Schumacher (ou ao menos a motorista achava que dirigia igual ao piloto de F1…) e fomos parar em mais um show da Ivete Sangalo. Arerêêêê…

foto no trem em Munique

Sem banho em Lugano

Eu desconheço mochileiro que não tenha passado pelo menos um dia sem banho em algum mochilão que fez na vida. A economia que a gente faz viajando de uma cidade para outra de madrugada pra não pagar diária de hospedagem tem o seu preço. Entre uns trocados a mais para a viagem e banho todo dia, a gente fica com os trocados. Prioridades, né, gente.

Saí de Salzburgo no dia anterior, passei o dia em Munique, virei a noite na estação de trem e cheguei em Lugano pela manhã do dia seguinte. Assim, minha estreia na classuda Suíça foi sujinha mesmo. Banho só quando chegasse no próximo destino, no dia seguinte, já na Itália. Nada que uma renovada no desodorante, uns lenços umedecidos, um rabo de cavalo no cabelo e uma muda de roupa nova não resolvessem.

foto do lago Lugano na Suíça mochilão pela Europa

Lugano é uma graça e fica às margens do Lago di Lugano, que é lindo. Mas ela tem muito mais da Itália do que da Suíça. Se você der uma olhadinha no mapa da Europa, vai ver que Lugano fica no Ticino, o único cantão (estado) italiano da Suíça. Até a língua falada lá é o italiano. Ou seja, eu fui para a Suíça, mas não fui para a Suíça. Na prática, eu estava na Itália, pois tudo em Lugano se parece muito mais com qualquer cidade do norte da Itália do que com a Suíça que eu tinha na cabeça.

Resumo da história: estive na Suíça, mas não conheci a Suíça. Conclusão: pesquise melhor seus destinos.

Mudança de planos: pernoite em Verona

No planejamento inicial desse mochilão pela Europa, minha ideia era passar o dia em Lugano, e depois, mais uma vez, pegar o último trem do dia, viajando de madrugada até Veneza, na Itália. Nao me perguntem do banho.

Mas acabei saindo de Lugano bem mais cedo. E quando já estava dentro do trem para Veneza é que me dei conta de que chegaria lá muito tarde da noite. Mas muito tarde mesmo. Tão tarde que não haveria mais vaporetto (barco) pra me levar até o meu hostel, que ficava na Giudecca, a ilha em frente à Piazza San Marco. Pensei em arriscar e tentar uma hospedagem próxima à estação de trem, só para dormir naquela noite. Nesse momento, eu já estava sonhando com um chuveiro.

Mas aí lembrei que estávamos no verão e Veneza é uma das cidades mais visitadas do mundo. E, além disso, não é a cidade mais fácil do mundo para se achar. Então, pra não arriscar ficar sem ter onde dormir, decidi descer no meio do caminho, em Verona, e procurar um lugar para passar aquela noite. Já estava cansada demais pra mais um perrengue.

Como já faz muito tempo, algumas lembranças já não são tão claras. Mas me lembro que foi o motorista do ônibus que ia para o centro histórico de Verona que deu a dica: pegar aquele ônibus e ir até um hostel que ficava em um antigo convento. O motora indicou em que ponto eu deveria descer e como chegar até o hostel. Era um desses hostels da HI, aquela mesma dos hostels que me salvaram em Berlim e em Viena.

Subi a ladeira até o hostel rezando para que houvesse uma cama disponível. E havia. Gente, foi um dos melhores sonos da minha vida. Isso sem falar no banho.

Ah, Veneza!

foto da Piazza San Marco em Veneza na Itália mochilão pela Europa

Veneza se mostra diferente de qualquer outra cidade já no deslocamento para a hospedagem. Ao invés de metrô ou ônibus, um barco. O nome Vaporetto se refere aos pequenos navios de antigamente, que eram movidos a vapor. Os barcos que fazem o transporte em Veneza hoje já não usam mais o vapor como combustível, mas mantiveram o nome.

A minha passagem por Veneza não teve grandes acontecimentos ou perrengues. Mas teve o hostel com a melhor vista em toda a viagem. Era sair na porta e dar de cara com a Piazza San Marco. Além disso, o caminho de volta para o hostel no final do dia, de vaporetto, também era uma pintura: a praça ao por do sol.

foto da Piazza San Marco vista da Giudecca em Veneza mochilão pela Europa

Péssima primeira impressão em Nápoles. Mas só a primeira

Não sei se teve a ver com o calor, pois era final de junho e o verão já estava bombando no sul da Itália. Pode ter sido também o cansaço, já que passei a madrugada no trem de Veneza a Nápoles, dormindo só com um olho, porque, com o outro, tinha que vigiar a mochila. Ou se foi a bagunça que é a zona central da cidade. Pode ter sido tudo isso junto. Mas, independente do motivo,  o fato é que eu cheguei a odiar Nápoles.

E odiar mesmo, do tipo “nem bem cheguei já quero ir embora”. Nem o Museu Arqueológico, por mais interessante que tenha sido a visita, tinha conseguido mudar aquela péssima primeira impressão. Pra completar, sentei para almoçar em um restaurante perto do encerramento do horário do almoço e o garçom me tratou com a mais pura falta de humor e gentileza. Ou seja, nem a famosa pizza napolitana desfez o ranço.

Foi aí que eu resolvi pegar um daqueles ônibus hop-on/hop-off e fazer o trajeto pela costa de Nápoles. É incrível como um mar azulzinho espanta qualquer sentimento ruim. Há outra Nápoles à beira do Mar Tirreno. E, além disso, há Capri, ali do ladinho. Pronto, ranço desfeito.

foto da orla de Nápoles Mar Tirreno
Mochilão pela Europa: orla de Nápoles
foto de Capri vista do alto mochilão pela Itália
Mochilão pela Europa: Capri vista do alto

Hospedagem onde Judas perdeu as botas em Roma

foto do Foro Romano em Roma na Itália mochilão pela Europa

Esse meu mochilão pela Europa aconteceu entre os meses de junho e julho. Ou seja, verão na Europa. O que significa hotéis lotados e mais caros. E o que significou, pra mim, não encontrar acomodação por um preço razoável em alguma zona mais central de Roma.

A solução que eu encontrei, e que coube no meu orçamento, foi me hospedar em um camping/hostel na periferia de Roma. Achei meio perrengue ficar tão longe, mas resolvi me hospedar lá mesmo. Até porque o lugar oferecia um transfer gratuito até a estação de trem mais próxima, e, de lá, ficava fácil chegar ao centro de Roma.

E essa é mais uma das coisas legais de se viajar sozinha: o quanto a gente aprende a ter flexibilidade e a se adaptar a qualquer situação. Pois esse camping/hostel, mesmo sendo onde Judas perdeu as botas, foi o lugar mais divertido em que fiquei durante toda a viagem. Tinha piscina, restaurante e um bar bem animado, com mesas coletivas. Como ele ficava muito longe da zona central de Roma, quase todos os hóspedes voltavam relativamente cedo para a hospedagem. E a noite sempre acabava com todo mundo no bar.

É nessas horas que a gente comprova que o alcohol improves my english… 

Aquela moedinha na Fontana di Trevi, só por garantia

Reza a lenda que, se você atirar uma moedinha na Fontana di Trevi, garantirá sua volta a Roma. Então achei que atirar um mísero eurinho na fonte não ia fazer mal.

Nessa viagem de 2006, atirei um euro. Voltei a Roma em 2015, quando, novamente por garantia, atirei mais uma moedinha. Dois euros. E assim estarei voltando a Roma em outubro de 2019, pra visitar a cidade uma terceira vez.

Começo a achar que a lenda nem é tão lenda assim.

foto da Fontana di Trevi em Roma na Itália mochilão pela Europa

Arte e futebol em Florença

Uma das lembranças mais vivas da primeira vez em que estive em Florença é do quanto fiquei fascinada com as obras renascentistas da Galleria degli Uffizi. Já havia visto a Monalisa de Da Vinci, no Louvre, em Paris. Mas o famosíssimo quadro da moça que te acompanha com os olhos onde quer que você vá não me causou tanto encantamento quanto as obras que vi na Uffizi. Me lembro do quanto fiquei admirada com “O nascimento da Vênus”, do Botticelli, por exemplo. Realmente, o meu gosto não segue popularidade.

Lembro também que foi em Florença que vi, em um telão montado em uma praça da cidade, o Brasil ser eliminado da Copa do Mundo daquele ano pela França. Não, eliminado não é bem a palavra. Enxotado é melhor. Zidane enxotou o Brasil da Copa enquanto o Roberto Carlos ajeitava o meião.

Mas, no final das contas, o que é uma decepção futebolística diante de um por do sol desses, não é mesmo?

foto do por do sol na Ponte Vecchio em Florença na Itália mochilão pela Europa

Chegada em Turim na sagrada hora do almoço

O almoço é a refeição mais importante do dia para o italiano. E isso eu até já sabia, já que venho de uma família italiana. Mas o que eu não sabia era que o horário do almoço não é só importante. É sagrado. E sagrado do tipo: mais ou menos entre o meio-dia e três da tarde, fecha praticamente tudo na Itália.

Então, já que o que não tem remédio remediado está, fui fazer o que todo mundo estava fazendo naquela hora: almoçar. Mas almoçar como um típico italiano faria: antipasti, primo piatto, secondo piatto e dolci. Apesar das restrições orçamentárias, não dava pra ir à Itália e ficar só no fast food. Toda aquela economia com as hospedagens tinha que valer pra alguma coisa.

Ao relento em Nice

Durante a viagem, eu praticamente não senti medo de andar sozinha em nenhum dos lugares por onde passei. Eu disse “praticamente” porque, em Nice, foi onde eu, apesar de já estar viajando sozinha há um mês, pela primeira vez me dei conta do quão sozinha eu estava. Foi o único momento em que temi pela minha segurança.

A ideia de fazer um mochilão pela Europa incluía fazê-lo com o dinheiro que eu tinha juntado durante o tempo trabalhando em Londres. E, como o que eu tinha conseguido juntar não era nenhuma fortuna, o meu orçamento para a viagem era bem limitado. Não incluía trajetos de táxi ou noites extras em hotéis.

Saí de Turim no final do dia, no trem para Nice, cujo trajeto levaria quase seis horas. Cheguei em Nice perto da meia-noite, sabendo que o meu hostel tinha um curfew a partir da meia-noite – a recepção fechava nesse horário e só reabria de manhã cedo. Então, já havia me conformado em passar a noite na estação de trem.

Tudo indo muito bem, mas…

… enquanto me ajeitava em um banco com as minhas tralhas, um guardinha apareceu pra me dizer que a estação fecharia às 0h30 e que eu teria que sair dali. “Sair dali pra onde?”, pensei. Meu hostel estava fechado. “Ir para outro, só pra passar essa noite?”, cogitei.  Mas não havia ônibus circulando naquele horário. E, àquela altura da viagem, com mais uns 10 dias de mochilão pela frente, nem que a vaca tossisse eu iria gastar meus parcos euros num táxi.

Peguei minhas coisas e saí da estação. Na calçada já havia uns dois mochileiros em seus sacos de dormir. Até pensei na possibilidade de ficar por ali mesmo também. Mas o resto de juízo que eu ainda tinha me fez desistir da ideia de dormir na rua.

Foi aí que olhei no entorno da estação e vi um hotel duas estrelas. Não, eu não ia pagar uma diária de hotel. Se eu não estava disposta a gastar dinheiro nem mesmo com um táxi, imagina se eu iria gastar para dormir apenas algumas horas. Mas decidi ir até aquele hotel e ver se me deixavam ficar na aguardando no lobby até amanhecer. Depois de fazer um pequeno drama, o recepcionista do hotel me deixou ficar no sofá da recepção.

Quando amanheceu, agradeci ao recepcionista e fui para o meu hostel, prometendo a mim mesma que nunca mais eu iria viajar sem hospedagem reservada.

Quase roubada ao querer fazer caridade em Barcelona

foto da Sagrada Família em Barcelona na Espanha mochilão pela Europa

Enquanto passeava pelo Bairro Gótico de Barcelona, cruzei com algumas mulheres que davam rosas em troca de uma moeda de um centavo de euro. Naqueles cinco minutos de bobeira que todo mundo já teve um dia na vida, saquei minha ninqueleira pra procurar a moedinha para dar para a senhora. Eis que, quando abri a niqueleira, a senhorinha tentou tomá-la da minha mão. Para o azar dela, os meus cinco minutos de bobeira já haviam passado, e eu consegui salvar minhas moedinhas daquela mão leve.

Mas a tentativa de golpe foi só um caso isolado mesmo. Barcelona foi um dos lugares mais legais e animados que conheci nesse mochilão pela Europa. Além da cidade em si, que é fantástica, Barça também me deu alguns friends along the way. As amizades não duraram mais do que dividir o quarto do hostel e tomar uns drinques na beira da praia, ou do que assistir a final da Copa do Mundo em um pub e tomar umas pints de cerveja. Mas as lembranças ficaram para o resto da vida.

E, no final, o que sobrou desse mochilão pela Europa?

Bom, primeiro, em quarenta dias viajando com um só tênis, o que NÃO sobrou desse mochilão pela Europa foi tênis pra contar a história. O que eu usei foi direto para o lixo quando a viagem acabou. Coisa da qual muito me orgulho. Sinal de vários quilômetros caminhados.

O que NÃO sobrou também foi dinheiro. Todo dinheiro que havia juntado trabalhando em Londres foi gasto nesse mochilão pela Europa. Muito bem gasto, diga-se de passagem. Até porque dinheiro a gente junta de novo.

De outro lado, o que sobrou da viagem foram milhares de fotos e outras milhares de lembranças. Coisas que hoje são alguns dos meus bens mais preciosos.

Mas o bem mais valioso mesmo que sobrou desse mochilão pela Europa foi a experiência de vida. Foram as lições que eu tirei pelo caminho. Foi o autoconhecimento. Nessa viagem, aprendi o quanto podia ser independente, mas também percebi o quanto é importante ter pra onde voltar. Senti alegria, senti tristeza. Me emocionei com algumas coisas e tive medo de outras. Precisei aprender a confiar nas pessoas, mas também precisei aprender de quem desconfiar. Aprendi a me relacionar com as pessoas com uma facilidade que eu nunca tive na vida. Dividi quarto com estranhos, fiz amigos em vários lugares por onde passei. Hoje, nenhum deles faz mais parte da minha vida, mas cada um teve a sua importância nesse caminho.

Esse mochilão pela Europa, mais do que uma viagem muito sonhada, foi um processo de amadurecimento, de autoconhecimento e de compreensão de que o mundo é muito maior do que o nosso apartamento.


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