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Valle Rustico: slow food e muita criatividade em Garibaldi.

A nossa trip de final de semana começou com o almoço na Osteria della Colombina, em Garibaldi, como eu já contei nesse post aqui. Agora o assunto é o outro restaurante fomos conhecer: o Valle Rustico, também em Garibaldi.

Mas, antes de chegar no Valle Rustico, deixa eu contar sobre a nossa hospedagem da vez no Vale dos Vinhedos.

Hospedagem no Vale dos Vinhedos.

Como o motivo da viagem era comemorar nosso aniversário de casamento, ficamos hospedados no badalado Hotel e Spa do Vinho. O hotel fica em Bento Gonçalves, no lugar mais privilegiado do Vale dos Vinhedos, com uma belíssima vista da região.

O visual do lugar é belíssimo, sem dúvida, já que o hotel é cercado por vinhedos da Vinícola Miolo, que fica em frente. Tão bonito que vale perder uns minutos caminhando entre as parreiras. E esqueça o filtro, porque nenhuma foto vai precisar.

O hotel é pomposo, com quartos confortáveis. Entretanto, achei um pouco impessoais demais, mesmo em se tratando de um hotel de rede de grande porte.

O atendimento é, de fato, impecável. Mas, para um hotel caro, no meio do “vale dos vinhedos”, rodeado de ótimas vinícolas, acho que seria bacana ao menos oferecer o frigobar com opções de vinhos ou espumantes, ainda que pagos. Até mesmo meia garrafa de vinho ou espumante como cortesia certamente não levaria ninguém à falência. Afinal, o preço das diárias é bem salgado. Confesso que foi meio frustrante encontrar o frigobar fazendo eco, com apenas duas garrafinhas de água sem gás lá dentro.

Além disso, achei que o custo-benefício do hotel não valeu muito a pena. Principalmente se considerado um fator que, pra mim, é bem importante na escolha de um hotel desses: a gastronomia. Tanto os pratos do jantar harmonizado, servido no sábado à noite, quanto o café-da-manhã, ficaram bem aquém da suntuosidade do hotel.

Mas, enfim, não dá pra acertar em tudo sempre, não é?

Toda a criatividade do Valle Rustico, em Garibaldi.

Deixamos o hotel para a nossa última parada do final de semana, o restaurante Valle Rustico, montado na antiga propriedade da família do chef Rodrigo Bellora.

O Valle Rustico segue a linha slow food, usando somente produtos da agricultura local e tudo o mais que é produzido na e brota da terra da propriedade. Mas, em termos de criatividade, é completamente diferente das outras opções gastronômicas da região.

A experiência é fantástica do início ao fim. Desde o visual da propriedade e do restaurante, até a atenção e presteza com que se é atendido, passando, óbvio, pela comida, que é feita com muito capricho. Alguns pratos são tão bonitos que dá até uma certa peninha de comê-los.

Como funciona o almoço no Valle Rustico.

O Valle Rustico serve dois menus fechados, sempre feitos com ingredientes sazonais. O menu Experiência é composto de seis etapas pré-definidas, ao custo de R$ 95,00 por pessoa (preços de outubro de 2016). Em três delas, há duas opções de pratos, à escolha do cliente.

Já o menu Natureza custa R$ 130,00 por pessoa, e é composto de 10 a 12 etapas (no nosso caso, foram 11), todas surpresa. E surpreendentes, com o perdão do trocadilho.

Obviamente, escolhemos o menu Natureza. Digo obviamente porque adoramos experimentar comidas diferentes – e temos estômagos de avestruz, que aceitam praticamente qualquer coisa. Porque sou dessas. Escolho o “menu surpresa” sempre que possível, pois acho ótimo experimentar pratos que dificilmente eu escolheria olhando o cardápio. E posso dizer que dificilmente as escolhas do chef me decepcionam.

Mas, no Valle Rustico, se você tiver alguma restrição alimentar, não tem problema. O menu vai ser preparado de acordo com o que você puder comer.

Além disso, os menus podem ser harmonizados com vinhos produzidos na região. A casa não trabalha com vinhos de fora. Mas, como nós ainda íamos pegar a estrada de volta para Porto Alegre, acabamos ficando só no suco de uva integral mesmo. E eles servem um muito bom, da Vistamontes, que fica na Rota das Cantinas Históricas, no distrito de Faria Lemos, em Bento Gonçalves.

Leia mais: Os Vinhos de Montanha de Pinto Bandeira

Então, bora começar a brincadeira.

O atendimento começa com uma garrafa de água saborizada, sem custo.

Valle rustico Garibaldi

Tá aí uma coisa que, na Europa, é muito comum, e que, aqui, não é muito difundida. Mas que certamente deveria ser copiada por todos os restaurantes brasileiros.

Aqui, ao contrário, tem restaurante que te oferece uma garrafa de água sem gás de 800ml, como sendo uma opção mais em conta para duas pessoas. Isso antes de te entregar o cardápio, é claro. E também sem te avisar é que a água é norueguesa, em garrafa de vidro, e custa R$ 39,00. Como se fosse normal uma água custar mais do que um prato de entrada ou uma sobremesa. Caso verídico, minha gente.

Mas corta aqui de volta para as entradas do nosso almoço.

Na primeira etapa do menu são servidos três tipos de pães: pão de queijo, pão de alho e pão de cenoura. Eles chegam quentinhos na mesa, servidos sobre uma tábua de madeira. O de queijo e o de alho que me desculpem, mas o pão de cenoura foi o vencedor. Impossível parar de comer.

valle rustico Garibaldi

Depois, ainda nas entradas, foi servido um carpaccio defumado de beterraba. Sim, a beterraba, tão odiada por muitos. Mas, lhes digo, nem eu, que adoro beterraba, sabia que era possível comê-la de uma forma tão gostosa.

valle rustico Garibaldi

O próximo prato foi um tabule de feijão com cevada. Não parece, mas feijão como prato frio também pode ser muito bom. Depois, nos serviram uma cumbuquinha de ovos mexidos com cactus (tostado, tipo uma farofinha, com sabor e textura que se parecem com castanha). Confesso que aqui eu tive que perguntar mais de uma vez para o garçom o que era, para confirmar se eu tinha mesmo ouvido “cactus”. Impressionante o que é possível fazer com o que brota da terra.

O último prato das entradas foi a salada de folhas da horta e do bosque, que mistura folhas verdes com pétalas de flores. Aliás, todos os pratos vem com um toque de pétalas de flores comestíveis, que deixam tudo muito colorido e delicado.

valle rustico Garibaldi

 

E vamos à sequência de pratos quentes.

Inicialmente, foi servida uma lasanha de cogumelo porcini, que não tinha por onde ser mais gostosa. Isso que eu não sou lá muito fã de funghi.

Depois, vieram as carnes. Primeiro, o entrecot com amora do mato (sem calda, somente desidratada) e purê de mandioca. Em seguida, o cordeiro com chimichurri de limão-bergamota e azedinha, acompanhado de farofa de banana e alho. Sim, a criatividade no Valle Rustico não tem limites. A azedinha é aquele trevinho de três folhas encontrado na grama; ou de quatro folhas, se você já teve a sorte de encontrar um.

Abram um espacinho aí pra sobremesa, people.

E, depois de tudo isso, vem a hora da sobremesa. Pra começar, um sorbeto de morango com calda de frutas vermelhas e crocante de cacau e amêndoas. Mas o legal do prato é que as três coisas vem separadas, para a calda não desmanchar o sorbeto no caminho da cozinha até a mesa. Aí você mesmo monta a sobremesa.

Em seguida, foi servido um biscui de cacau e amêndoas com mousseline de erva-mate. E, por último, aquela que, pra mim, foi a campeã das sobremesas: mariola. Mas não uma simples mariola. Mariola de colher com farofa de manteiga. Gente. Que. Delícia.

Finalmente, para arrematar, pode pedir um expresso ou o chá do dia, feito por eles. E, na hora de fechar a conta, você recebe um pergaminho fofo com todos os pratos do menu e uma garrafinha de bergamoncello. Um “limoncello”, mas na versão gaúcha.

Valle rustico Garibaldi

Com tudo isso, a gente sai do lugar já pensando em quando voltar.

Tem outras dicas de lugares bacanas na região de Bento Gonçalves e Garibaldi? Deixe seu comentário!

E aproveita pra dar uma olhadinha nos outros posts sobre a Serra Gaúcha.

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