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Você sabe o que é e como praticar o turismo sustentável?

Atualmente, com o mundo vivendo o impacto de uma pandemia, muito tem se falado no quanto isso poderá influenciar a conduta humana no futuro. Nesse aspecto, ganha importância a compreensão e a prática do turismo sustentável, que, integrando o conceito de desenvolvimento sustentável, diz com uma atividade turística que atenda sempre aos aspectos econômicos, sociais, históricos, culturais e ambientais de cada lugar.

Quer saber mais? Então segue rolando a página!

O que é exatamente o turismo sustentável

Bom, pra começo de conversa, sustentabilidade tem a ver com o que é sustentável, durável. Ou seja, diz com atividades econômicas que objetivam perdurar no tempo. E, para isso, é necessária atenção ao modelo de consumo vigente, aos efeitos da acumulação e do desperdício, e aos riscos que as atividades geram no sentido da degradação do meio ambiente. Assim, o desenvolvimento sustentável é, a grosso modo, o desenvolvimento de uma atividade equilibrando o crescimento econômico com a preservação do meio ambiente.

E o turismo, como atividade econômica que é, deve se enquadrar nessa ideia de sustentabilidade. O conceito de turismo sustentável foi definido pela primeira vez na Eco-92, a Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente. A definição do turismo como sustentável se deu sobre os três pilares da sustentabilidade: ambiental, sócio-cultural e econômico.

Por isso, o turismo deve ser economicamente produtivo, socialmente justo e ambientalmente correto. Ou seja, no desenvolvimento da atividade turística, é necessário observar a harmonia dela com o meio ambiente, bem como com as comunidades locais e suas respectivas culturas. Para que o turismo seja sustentável, deve haver a inclusão, integração e desenvolvimento de todos os colaboradores e também das comunidades receptoras como um todo.

Princípios do turismo sustentável

Para ser sustentável, o turismo deve seguir alguns princípios:

  • respeito à legislação vigente;
  • garantia dos direitos das populações locais, com ações de responsabilidade social e ambiental, visando manter a dignidade de colaboradores (todos os agentes que trabalham e se beneficiam do turismo) e suas comunidades;
  • conservar o meio ambiente natural e a biodiversidade, primando pelo mínimo impacto ambiental nas dinâmicas e processos naturais;
  • considerar o patrimônio cultural e seus valores, observando a harmonia da atividade turística com a cultura e a tradição locais;
  • estimular o desenvolvimento social e econômico da região para onde se dirige a atividade turística: o turismo, para ser sustentável, não pode só “sugar” os recursos locais, sem gerar retorno para a comunidade. Pelo contrário, deve buscar a qualificação das pessoas envolvidas na atividade, a geração de empregos e renda, e a integração de empreendimentos turísticos com a comunidade;
  • garantir a qualidade dos produtos, processos e atividades, buscando atender bem ao turista, mediante a observância de padrões de higiene, segurança e informação;
  • estabelecer planejamento e gestão responsáveis, com procedimentos éticos de negócio. O turismo deve visar a responsabilidade social, econômica e ambiental, sendo que toda a cadeia produtiva, do produtor ao consumidor, passando pelo fornecedor e o comerciante, deve estar comprometida com a sustentabilidade.

Objetivos do turismo sustentável

A sustentabilidade deve ser ambiental, econômica, sociocultural e político-institucional, inclusive quando aplicada ao turismo.

Deve ser ambiental, porque a atividade do turismo deve visar à preservação do meio ambiente. Isso porque, quanto mais se preservar, mais os recursos naturais vão se manter: se eles não se esgotam, toda a região onde eles se encontram se beneficia.

Além disso, a sustentabilidade no turismo deve também ser econômica, a fim de guiar o crescimento turístico. Ou seja, a atividade do turismo deve ter como objetivo a criação de empregos e geração de renda nas comunidades receptoras, bem como com o uso racional dos recursos naturais nesses lugares.

O turismo deve ser sustável também no aspecto sociocultural, no sentido de garantir uma vida digna para as pessoas e as comunidades envolvidas na atividade turística. E isso é feito visando à preservação das riquezas locais, e não só à acumulação de lucros. Melhor dizendo, a sustentabilidade sociocultural do turismo visa à melhoria da qualidade de vida na comunidade receptora, por meio de uma melhor distribuição de renda e bens, além da preservação do patrimônio histórico e cultural daquela localidade.

Por fim, a sustentabilidade do turismo também deve ser político-institucional, porque é necessária uma atuação integrada em todos os níveis e esferas de governo, com a continuidade das políticas de desenvolvimento turístico sustentável para além dos mandatos dos representantes eleitos.

O turismo e os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU

Em setembro de 2015, a ONU estabeleceu 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável, que devem ser implementados por governos, pela sociedade civil e pela iniciativa privada, até 2030. Os objetivos são ações interligadas umas às outras, com o objetivo de reduzir a pobreza no mundo, proteger o planeta e garantir que as pessoas prosperem e vivam em paz. E dentre as atividades que podem colaborar com a consecução desses objetivos está o turismo, que, em 2015, representava 10% do PIB mundial, 30% das exportações de serviços e provia 1 a cada 10 postos de trabalho no mundo.

Objetivos dos desenvolvimento sustentável aplicados ao turismo

Os 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável que devem ser alcançados por meio do turismo são:

  1. reduzir a pobreza, por meio da geração de empregos e renda, promovendo os pequenos empreendimentos e empoderando grupos menos favorecidos, como jovens e mulheres;
  2. eliminar a fome, através da agricultura sustentável, que pode não só fornecer produtos para hotéis e restaurantes, como também vender esses produtos para os turistas, ou proporcionar o turismo rural;
  3. promover a saúde e o bem-estar das populações, investindo a renda obtida com o turismo nos sistemas e em ações de saúde locais;
  4. promover educação de qualidade e inclusiva, proporcionando qualificação para as comunidades, especialmente para pessoas mais vulneráveis, como os portadores de deficiência, por exemplo.
  5. promover a igualdade de gênero, buscando a igualdade na oferta de postos de trabalho, bem como na remuneração, entre homens e mulheres.
  6. garantir o acesso a água limpa e a condições sanitárias adequadas;
  7. utilizar e promover de formas limpas de energia;
  8. promover condições dignas de trabalho e crescimento da economia, por meio da prestação de serviços turísticos;
  9. buscar o desenvolvimento sustentável da indústria e da infraestrutura local;
  10. reduzir as desigualdades;
  11. investir em cidades e comunidades sustentáveis;
  12. buscar a produção e o consumo sustentáveis;
  13. atuar na resposta às mudanças climáticas, por meio da redução das pegadas de carbono, tanto nos transportes, quanto nas hospedagens;
  14. preservar os ecossistemas marinhos;
  15. preservar os recursos naturais e a biodiversidade;
  16. promover a paz entre os povos, por meio da tolerância e do entendimento entre diferentes culturas e religiões, sendo o turismo um promotor da integração entre pessoas de diversas culturas.
  17. fortalecer a parceria entre os setores público e privado na busca destes objetivos.

Turismo sustentável e turismo de massa

É chamado turismo de massa, ou overtourism, aquele tipo de turismo feito pela maioria das pessoas de forma padronizada e, geralmente, desenfreada. É um tipo de turismo que visa mais ao lucro do que ao desenvolvimento e preservação do meio ambiente e da comunidade receptora, o que com frequência gera a superlotação destas, e, consequentemente, o esgotamento dos seus recursos naturais.

Problemas do turismo de massa

O turismo de massa pode ter (e geralmente tem) impactos negativos sobre a região que o recebe, principalmente sobre o meio ambiente. Um deles é o aumento do consumo de recursos naturais, como, por exemplo, a falta de água em alguns destinos, em épocas de alta temporada. Outro impacto negativo são as várias formas de poluição que o turismo desenfreado pode causar, através dos gases dos meios de transporte, dos óleos de navios e barcos, da poluição sonora e do excesso e do descarte inadequado do lixo.

Além desses, outros impactos negativos que podem decorrer do turismo são o uso inadequado do solo (por exemplo, o desmatamento para construção de hotéis ou outros equipamentos turísticos, sem o controle de órgãos ambientais); a mudança no comportamento da fauna – ao alimentar inadequadamente animais locais, ou mexer com eles, o turista pode estressá-los e até causar algum dano; os danos aos ecossistemas marinhos (os corais, por exemplo); o desenvolvimento sem controle, causando escassez de recursos, aglomerações e congestionamentos (e mais poluição!); o “vandalismo turístico”, que é a coleta indevida de elementos do meio ambiente natural visitado; além de outros possíveis efeitos ambientais negativos.

Somado a tudo isso, o turismo de massa ainda tem impacto negativo no aspecto econômico, pois ele pode trazer o aumento excessivo do fluxo de turistas, bem como a elevação do custo de vida local, afastando os moradores das zonas centrais e turísticas.

Como o turismo sustentável pode ser aplicado ao turismo de massa

O turismo sustentável não é um outro tipo de turismo. Na verdade, o ele é um conjunto de práticas que abarcam aspectos ambientais, socioculturais, econômicos e político-institucionais. Segundo o ICMBio, tais práticas visam atender as necessidades não só dos turistas, como também das comunidades que os recebem, ampliando as oportunidades para o futuro.

Já a Organização Mundial do Turismo, por sua vez, entende como sustentável o “turismo que considera plenamente seus atuais e futuros impactos econômicos, sociais e ambientais, abordando as necessidades dos visitantes, da indústria, do meio ambiente e das comunidades locais”.

O turismo de massa, em princípio, não combina com o turismo sustentável. Mas, sendo este um conjunto de práticas, e não um outro tipo de turismo, ele pode, e deve, ser aplicado àquele. Ou seja, o conceito de sustentabilidade deve ser aplicado a todos os seguimentos do turismo, inclusive às atividades de turismo de massa, como nos grandes resorts, por exemplo. Em que pese esta seja uma atividade turística de maior impacto, há várias formas de reduzir os efeitos negativos dela sobre a comunidade em que o empreendimento se situa, como investimentos em recuperação e preservação de áreas degradadas, a geração de empregos e qualificação para os moradores locais, o reaproveitamento de águas das chuvas, ou ainda medidas de redução do lixo produzido.

Exemplos de medidas para conter o turismo de massa pelo mundo

Vários lugares no mundo sofrem com o turismo de massa, e, cada vez mais, os países, cidade e comunidades têm tomado medidas para conter o turismo predatório e desenfreado.

Um exemplo disso é Machu Picchu, no Peru, um dos lugares mais visitados do mundo. Para conter a superlotação e preservar as ruínas da cidade perdida dos Incas, foi limitado o tempo de visitação, sendo dividido em dois turnos (manhã e tarde), cuja escolha deve ser feita no momento da compra do ingresso. Além disso, foi limitado também o número de visitantes em cada turno. Assim, se chegar depois do horário definido no seu ingresso, já era: vai ter que comprar outro ingresso.

Já em Maiorca, na Espanha, o overtourism também é um problema e, por isso, foi estabelecida uma taxa diária para os visitantes e proibida boa parte das hospedagens disponíveis no Airbnb. Na Croácia, a cidade de Dubrovnik, que é destino de grandes cruzeiros, também precisou tomar providências: aumentou o valor da taxa de hospedagem (aquela que é paga sobre o valor da diária, por dia de hospedagem) e limitou o número diário de visitantes.

Mais um exemplo de como o turismo de massa pode ser prejudicial a uma comunidade é a cidade de Veneza, na Itália. Como todo mundo sabe, a cidade foi construída sobre bancos de areia, e, por isso, sua estrutura é extremamente frágil. Assim, a cidade sofre não só com o movimento natural das águas (a acqua alta é um fenômeno que ocorre todo os anos), mas também com a superlotação causada pelos milhares de turistas que chegam todos os dias por terra, ar ou água.

E é justamente o turismo que chega pela água um dos maiores problemas. Em vários pontos da cidade, é possível ver manifestações a favor de que grandes navios de cruzeiros sejam proibidos de atracar na ilha. Inclusive, em 2019, após um acidente com um navio de cruzeiro, embarcações de com mais de mil toneladas foram proibidas de entrar na laguna.

turismo sustentável fachada de casa em Veneza na Itália, com cartaz contra grandes cruzeiros

Como praticar o turismo sustentável nas suas viagens

Como você deve ter percebido, na teoria, é tudo muito bonito, né. Mas e como é que a gente pode aplicar o turismo sustentável nas nossas viagens? Bom, há várias maneiras de se fazer turismo de forma mais responsável e consciente. E o melhor é que algumas práticas são muito simples e talvez você até já esteja aplicando-as quando viaja.

Prefira voos diretos e economize na bagagem

É verdade que, pra praticar mesmo o turismo sustentável, o ideal é evitar o avião sempre que possível, preferindo meios menos poluentes. Mas, quando não der pra evitar a viagem aérea, prefira sempre os voos diretos ou com o menor número de escalas ou conexões, já que o maior gasto de combustível se dá na decolagem e na aterrissagem do avião. E quanto menos combustível o avião gastar, menos poluentes ele vai liberar no ar.

Além disso, pra ser um turista sustentável, você precisa viajar leve. Isso porque, quanto mais bagagem o avião tiver que carregar, mais peso para ele, e, portanto, mais gasto de combustível e mais poluição.

A propósito, se você acha que não consegue viajar só com a malinha de mão, eu vou te dizer uma coisa: tente. Principalmente nas viagens curtas. É libertador o momento que você percebe que não precisa de metade das coisas que você carrega nas viagens e que não precisa encarar a espera na esteira das bagagens.

Ande a pé, ou de bicicleta, sempre que puder.

Eu vejo três motivos para preferir andar a pé nas suas viagens. O primeiro é que andar a pé é, sem dúvida, um meio de transporte não poluente. Segundo, ele é o meio de transporte mais barato e um dos mais saudáveis. E, terceiro, andar é a melhor forma de conhecer um lugar. Então, sempre que possível, ande a pé.

Além disso, bicicletas também são uma ótima opção dentro do turismo sustentável. Mas usá-las vai depender das condições de tráfego do local e da sua habilidade pilotando a magrela. De fato, não é pra todo mundo. Mas, se você puder, além de ser um meio de transporte sustentável, andar de bicicleta também pode ser um exercício bem divertido.

turismo sustentável passeio de bicicleta em Florença, na Itália
Passeio de bike em Florença, na Itália.

Nada de trocar as toalhas todos os dias

Eu acho um absurdo essa prática de muitas hospedagens de trocar as toalhas a cada dia de estada. Quem é que, em casa, troca as toalhas de banho todos os dias? A não ser que a pessoa tenha algum transtorno obsessivo compulsivo, me parece que ninguém faz essa troca todo santo dia. Então, por que deixar ou pedir para trocar as toalhas todos os dias da sua hospedagem? Pura mordomia não é justificativa.

Atualmente, a prática usual da grande maioria dos hotéis é deixar um aviso no quarto, para deixar as toalhas no chão caso o hóspede queira que elas sejam trocadas. Eu dificilmente peço pra trocar, pois quase todas as minhas hospedagens são em períodos em que eu consigo facilmente sobreviver com a mesma toalha. O problema é que, muitas vezes, os funcionários trocam as toalhas todos dias mesmo assim. Acontece isso com vocês também?

Prefira os negócios locais

Hospedagens menores e restaurantes locais, ao invés de grandes redes. Ainda que haja grandes resorts e hotéis que aplicam medidas de sustentabilidade, ser um viajante consciente e que pratica o turismo sustentável implica dar preferência aos pequenos negócios locais, privilegiando o crescimento e a geração de renda dos moradores da região. Claro, sempre observando se esses lugares também fazem uso das práticas sustentáveis na atividade turística, como, por exemplo, a utilização de formas de energia limpa, descarte e separação correta do lixo ou o reaproveitamento das águas das chuvas para a limpeza do estabelecimento.

Outra coisa: eu sei que muita gente curte um fast food. Mas, mesmo assim, é possível ser um turista consciente, até na hora de comer o seu burguer. Isso porque, ao invés de comer o lanche de alguma grande rede internacional, prefira os fast food locais, como hamburguerias ou sanduicherias artesanais. Além da comida nesses lugares ser muito melhor, você ainda fomenta o comércio local.

Consuma os produtos locais

Eu adoro viagens gastronômicas, como vocês podem notar. E, nas minhas viagens, eu sempre procuro comer os produtos típicos dos lugares que visito. Isso porque, além de incentivar a produção local, consumir os produtos da região significa consumir alimentos mais frescos e, portanto, de melhor qualidade.

Mas, além da gastronomia, prefira os produtos locais na hora de fazer suas comprinhas também. Incentive os artistas e artesãos nativos, bem como os produtores locais, na hora de comprar suas lembrancinhas de viagem. Comprar produtos locais não só ajuda na geração de renda para a comunidade, como também te proporciona uma lembrança muito melhor da sua viagem.

Não mexa com os animais

Não sei se já mencionei, mas o marido aqui é biólogo. E uma das coisas que eu aprendi nesse tempo todo que estamos juntos, é que a gente não mexe com animais que estão em seu habitat se a gente não tem qualificação técnica pra isso. Aliás, a gente não mexe com os animais onde quer que eles estejam, mesmo em zoológicos. Acontece que os bichinhos, assim como os humanos, não gostam de serem importunados. Você está lá quieto no seu canto e alguém começa a te chamar, a te cutucar, a querer que você olhe pra foto. Chato, né? Pois é, com o animal é a mesma coisa.

Além disso, como, em regra, as pessoas não possuem o conhecimento necessário para interagir ou manusear os animais, podem acabar não só estressando, como até machucando os bichinhos. Lembro da vez em que estivemos no Atacama e, em um dos passeios que fizemos, paramos para ver lhamas que estavam na beira da estrada. Mas, a maioria das pessoas, ao invés de olhar os animais de longe, como o guia havia pedido, saíram atrás das pobres lhamas, em busca da sua fotinho para o Instagram. O marido olhava para aquilo incrédulo e indignado – depois, já de volta ao ônibus, vi um sorriso no canto da boca dele enquanto o guia dava um esporro no pessoal. 🤷🏻‍♀️

Experiências que envolvam interações com animais

Eu tenho muuuuuitas restrições com essas atrações e experiências que envolvem a interação com animais. Eu já nem gosto muito de zoológico, mas entendo que pode haver uma função para esses lugares, como abrigar animais que estavam doentes, em risco, ou que foram recuperados de traficantes e contrabandistas. Muitas vezes, os zoológicos servem para recuperar esses animais e depois recolocá-los na natureza se possível, ou abrigá-los caso a reinserção não seja mais viável (sim, acontece de o bichinho não ter mais condições de voltar para a natureza).

O jeito é sempre pesquisar bastante sobre os lugares que você visita, pra saber como realmente os animais são tratados lá. E isso vale ainda mais para aquelas experiências turísticas que envolvem não só a observação como também a efetiva interação com os animais. Há vários relatos de “santuários” que usam de sedativos ou outros meios para possibilitar que o turista interaja tranquilamente com animais exóticos ou selvagens.

Por exemplo, eu sou apaixonada por coalas. Quando estivemos na Austrália, eu queria muito ver um de perto, mas sempre soube que eles não são muito sociáveis. Lá, há lugares que proporcionam a experiência de interagir com os bichos, mas, como eu não havia pesquisado mais informações sobre esses lugares, não inclui esse programa no roteiro. Preferi não ver aqueles os narigudos mais lindos do mundo de perto do que participar de alguma atividade turística irregular ou inadequada. Mas, talvez como uma recompensa pela prudência, consegui ver os coalas bem de pertinho, na beira de uma estrada, enquanto eles comiam os seus galhos de eucaliptos calmamente no alto das árvores.

Pense numa pessoa feliz. 🥰

turismo sustentável foto de coala na Austrália
Um coalinha em seu habitat natural. ❤️

Diminua e recolha o seu lixo

Sabe aquele monte de garrafinhas de água de plástico que você compra durante uma viagem? Pra quê isso, gente!

E aqui eu vou fazer um mea culpa: nós aqui ainda não conseguimos excluir totalmente as garrafinhas de plástico das nossas viagens. Ainda não conseguimos adotar o hábito de sempre levar garrafas e copos não descartáveis. Mas, devagarinho, a gente vai melhorando: quando viajamos, se não temos recipientes não descartáveis, costumamos comprar uma ou duas garrafas grandes de água (de acordo com o tempo de estadia) e uma ou duas garrafinhas pequenas, para levar na bolsa ou mochila. Aí vamos fazendo o refil das pequenas com a água das grandes.

Além disso, sempre que a qualidade da água local possibilita, consumimos água da torneira mesmo. Se a cidade tem aquele sistema de torneiras e fontes de água potável pelas ruas, como Roma, por exemplo, é essa a água que a gente consome. Aliás, a água das ruas de Roma é uma das mais frescas que conheço – ela chega à cidade por meio de aquedutos que funcionam desde os tempos do império romano.

Outra coisa: tenha sempre com você um recipiente para colocar o seu lixo. Ou segure o seu lixo com você até encontrar uma lixeira. Mas, pelo amor da Nossa Senhora das viagens, não jogue lixo no chão. Você joga lixo no chão da sua casa? Não, né. Então por que diabos jogar o lixo na rua? 😡

Prestigie e respeite a cultura local

Por favor, não banque o turista otário: respeite as regras e os costumes do local que você estiver visitando. E isso vai desde respeitar as regras de vestimenta até mesmo obedecer às leis e costumes mais absurdos. Porque o que parece ser estranho, medieval ou até desumano pra você, é parte da cultura daquele local e da vida daquelas pessoas. Caso você não se sinta confortável com determinadas práticas, ou entenda que elas devem ser repudiadas, considere isso antes de escolher o destino.

Além disso, prestigie a cultura local: participe das festas típicas e das feiras de ruas, assista a apresentações artísticas. E mais: quando estiver visitando outro país, procure aprender um pouco da língua local. Não precisa aprender russo ou mandarim de uma hora para outra. Mas, pelo menos, aprenda pelo menos a dizer obrigado, a pedir desculpas ou licença, ou a dar bom dia, boa tarde e boa noite. Além de ser uma questão de boa educação, ao aprender uma nova língua você cresce culturalmente e ainda demonstra para os nativos que está realmente interessado em interagir com os moradores e conhecer o local visitado.

Pratique o ecoturismo

Como eu disse antes, o turismo sustentável não é um tipo de turismo, mas sim um conjunto de práticas de sustentabilidade que podem, e devem, ser aplicadas a toda atividade turística. E a forma de turismo que certamente mais representa o turismo sustentável é o ecoturismo, que tem como proposta uma atividade turística mais voltada ao contato com a natureza.

Exemplos de turismo sustentável no Brasil

Há vários exemplos de turismo sustentável no Brasil e no mundo. Uma iniciativa muito bacana do Ministério do Turismo é este mapa interativo com as práticas sustentáveis no país.

Como se vê, aqui no Brasil há ótimos exemplos de lugares que aplicam formas de turismo consciente e ambientalmente corretas. Dentre esses, dá pra citar Bonito, no Mato Grosso do Sul; a ilha de Fernando de Noronha; a reserva Mamirauá, no Amazonas, e as cidades de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca, em Minas Gerais.

Dentre as práticas de turismo sustentável que são aplicadas nessas localidades estão a limitação do número de visitantes; a cobrança de taxa de visitação, que pode ser revertida para a preservação e desenvolvimento da comunidade local; políticas para diminuir a emissão de CO2; o engajamento das comunidades em projetos ambientais e sócio-culturais e o oferecimento de atividades de ecoturismo.

Últimas dicas sobre turismo sustentável

O turismo sustentável é o futuro ideal pra que a gente possa continuar a ter a oportunidade de usufruir das maravilhas do mundo por muitas e muitas gerações. E, para praticá-lo, você não precisa mudar radicalmente e imediatamente o seu jeito de viajar. Mas pode começar a fazer o que estiver ao seu alcance. Baby steps, my friend.

E, se você chegou até o fim deste texto2, então você já deu o primeiro passo para começar a praticar o turismo sustentável. Conhecer o assunto já é um bom começo. Eu mesma não vou dizer que as minhas viagens são 100% sustentáveis, porque não são. Mas eu procuro adotar as práticas do turismo sustentável sempre que possível, dentro do que está ao meu alcance.

Pra terminar, se você ainda quiser saber mais sobre turismo sustentável, tem gente boa por aí criando muito conteúdo bacana sobre o assunto. Dois blogs muito bons que eu sigo, e que falam com muito mais propriedade do que eu sobre o turismo sustentável, são o Quase Nômade, da Mariana, e o Janelas Abertas, da Luisa. Vale a pena ler o conteúdo que elas produzem.

E bora viajar de forma consciente e responsável! 😊💚

As imagens utilizadas neste post foram retiradas de banco de imagens gratuito, além do arquivo pessoal da autora.


Outras fontes


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10 comentários em “Você sabe o que é e como praticar o turismo sustentável?”

  1. Lidiane Costa

    Excelente seu post! O triste é que a maioria dos turistas não faz o que é preciso para transformar o turismo sustentável em realidade. Acho de extrema importância incentivar as cidades/comunidades sustentáveis, as pessoas precisam entender que sustentabilidade casa sim com desenvolvimento, né?!

    1. Obrigada, Lidiane! Fico feliz que tenha gostado do post. =)

      Com certeza, sustentabilidade e desenvolvimento devem andar de mãos dadas! E é uma pena que muitas pessoas ainda não tenham essa consciência. Até porque práticas simples podem fazer uma grande diferença pra coletividade.

      Abraço!

  2. Tenho pensando bastante em turismo sustentável ultimamente, acho muito importante e é algo que pode mudar o turismo em geral.

    1. Ana, também me parece que o turismo sustentável pode mudar o turismo em geral, pra melhor. Com pequenas mudanças na forma de viajar a gente consegue um benefício coletivo enorme!

      Abraço!

  3. Gostei muito das dicas sobre turismo sustentável, especialmente porque estamos vivendo um momento de transformação. No novo normal ter esses conceitos no nosso modo de viver e viajar será muito importante.

    1. Verdade, Lulu! Já tá mais do que na hora de revermos algumas práticas predatórias tanto nas viagens quanto na vida em geral.

      Que bom que gostaste das dicas!

      Abraço!

    1. Valeu, Fabricio! Fico feliz que tenha gostado do post. Realmente, o turismo sustentável vai ser uma pauta cada vez mais necessária no futuro – e num futuro bem próximo eu diria!

      Abraço!

  4. Murilo Pagani

    Que demais este seu texto sobre turismo sustentável!

    Muitas vezes estamos tão no automático que nem paramos para refletir sobre isso.

    Adorei descobrir que há várias maneiras simples de implementar essa prática no dia a dia das nossas viagens!

    Abraço

    1. Obrigada, Murilo! Que bom que gostaste do texto! E a ideia é exatamente essa: todo mundo pode fazer turismo de forma sustentável, com práticas bem simples. Se cada um fizer um pouquinho, o benefício coletivo é enorme! =)

      Abraço!

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